Em Pratola Peligna, no coração de Abruzzo, a dinamarquesa Camilla Dresher Noro, de Hørsholm, nos arredores de Copenhaga, chegou para o projeto de casas de 1 euro de Itália. Ela queria uma casa pequena que permitisse aos seus 5 filhos, nascidos do seu marido italiano, ter um ponto de referência não muito longe dos seus avós que moram em Piglio, uma pequena vila em Ciociaria. E em Pratola Peligna, na província de L'Aquila, encontrou o que procurava. A 23 de janeiro de 2023, uma casa de 120 metros quadrados em três andares no centro da cidade passou a ser sua pelo preço simbólico de apenas 1 euro. Conversamos com ela para saber em primeira mão sobre a sua experiência de comprar uma casa de 1 euro em Itália.
Camilla começa por contar-nos como estava inicialmente na fila para conseguir uma outra casa de 1 euro em Itália. "Na verdade, eu estava na fila para comprar outra casa, mas acabei por não conseguir, mas aí surgiu esta oportunidade', conta Camilla que, assim que viu o imóvel, disse logo "esta casa vai ser minha".
Como funciona a lista de classificação para a atribuição de uma casa de 1 euro?
Muito simples: quem manda o email na hora é o primeiro da lista. "Mas não é certo que se consiga a casa", explica Camilla, "porque a partir do momento em que recebes a confirmação, tens duas semanas para fazer a vistoria e dar a tua resposta. No caso desta aldeia específica, no site da autarquia refere-se ainda que, uma vez efetuada a visita, "tem então dois meses para finalizar a compra", sob pena de perda do direito adquirido.
Se não gostar do imóvel – pelo seu estado de conservação ou por qualquer outro motivo – é fácil desistir, “e haverá sempre alguém atrás de ti disposto a comprá-lo”. No prazo de seis meses após a finalização do contrato de compra, o novo proprietário terá que entregar o projeto de renovação, conservação ou desenvolvimento no município.
E as dificuldades burocráticas de comprar casas por um euro? Praticamente nenhumas. Tanto é assim que Camilla, que em todo caso fala um excelente italiano, fez tudo sozinha: "mesmo no município", explica, "estão sempre disponíveis para qualquer esclarecimento, desde o vereador Paolo di Bacco (responsável pela Recuperação do Desabitado e Planeamento Urbano, ed.) até aos seus colegas".
A compradora dinamarquesa seguiu sozinha as obras de reforma necessárias para tornar a casa habitável. A propriedade que comprou, cuja estrutura remonta ao final do século XIX, felizmente não estava em mau estado. Portanto, em vez de uma reforma total, apenas os trabalhos mais urgentes (como arranjar partes do teto onde havia infiltração de água, arranjar algumas paredes e instalar uma caldeira de água quente) seriam feitos por enquanto.
Portanto, não foi necessária uma mudança para Abruzzo por um longo período. "Vou a Pratola por períodos de quatro a cinco dias de cada vez", conta ela, "e realizo o meu projeto dessa maneira. Tenho uma pessoa local que me ajuda e, no que diz respeito aos trabalhos com o telhado, tenho a ajuda de uma empresa local".
Esperar dois ou três anos - o tempo necessário para uma reforma completa - foi definitivamente muito tempo para ela. "Eu estava muito impaciente e queria experimentar a casa e a aldeia imediatamente, mal podia esperar por uma reforma completa", diz Camilla.
"Por que me apaixonei por Pratola? Porque as pessoas fazem-te sempre sentir bem-vindo, as pessoas são amigáveis e acolhedoras. Elas são especiais.
O procedimento para comprar uma casa por 1 euro nesta vila italiana é simples: o município de Pratola tem uma 'vitrine' de casas oferecidas por um euro, com fotos e plantas cadastrais. Qualquer pessoa pode manifestar o seu interesse descarregando o formulário do site do conselho.
Nessa altura, comprador e vendedor são contactados pela autarquia: se tudo correr bem, procede-se à aceitação das condições impostas pela autarquia e à escritura notarial para concretização da compra. Um projeto de reforma deve ser apresentado em até seis meses após a compra. Em quatro anos a obra deve estar concluída.
Até à data, no que diz respeito ao projeto das casas a 1 euro, um imóvel desta pequena localidade já está em fase de renovação (será entregue entre maio e junho): estão em curso mais três obras.
Camilla Dresher Noro, apaixonada por design de interiores, agora cuida dos detalhes de seu novo ninho: "Para mim, aquela casa é como uma tela em branco, a ser preenchida com todas as coisas bonitas que já estão ali, trazendo-as à vida e respeitando-as".
Para não perder tempo, no entanto, ela mesma trabalhou em alguns móveis na Dinamarca e depois enviou-os para Abruzzo. O sonho para o futuro é retirar parte do telhado para dar lugar a um terraço de 24 metros com vista para o monte de Maiella. "Estou a pensar num lugar para um bom café da manhã com a família." Sonhar não custa nada. Ou neste caso, custa apenas 1 euro.
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