Inflação em Itália: como o poder de compra está a ser afetado até 2023

O aumento médio dos salários fixos em Itália em 2022 foi de 3%. Mas qual é a atual taxa de inflação na Itália? A Itália encerra 2022 com uma inflação estimada em 7% , o que afeta drasticamente esse índice de crescimento e reduz em 4% o salário real dos empregados em Itália. Este é o facto surpreendente que emerge do WTW (anteriormente Willis Towers Watson) Salary Dynamics Observatory, que destaca como o poder de compra dos italianos está a ser corroído pela inflação em 2023.

Salário médio e inflação em Itália e na Europa

Segundo a WTW, que realizou o estudo com uma amostra de mais de 640 empresas italianas de médio ou grande porte, os orçamentos corporativos para salários devem aumentar em média 3% em 2022 em Itália, alinhados com os principais países europeus, como a Áustria (+3,2%), França (+3%), Alemanha e Holanda (+3,5%), Espanha (+3,3%) e Grã-Bretanha (+3,9%).

Mas a inflação aplica-se aos salários? No clima atual, a inflação afeta profundamente os salários porque excede em muito os aumentos planeados pelas empresas em Itália. Portanto, com a inflação maior do que os aumentos salariais, significa que a inflação causa uma perda no poder de compra à medida que os preços continuam a subir. De uma forma mais geral, nota-se que por toda a Europa, os níveis orçamentais planeados pelas empresas este ano foram significativamente inferiores à taxa de inflação (com exceção da Suíça).

“Vivemos de anos de crescimento salarial moderado e linear, contra uma taxa de inflação baixa, a assistir a um aumento fisiológico das remunerações devido sobretudo ao escalão de antiguidade e aumentos contratuais, sobretudo para os vencimentos mais baixos, deixando pouco espaço para o reconhecimento económico de mérito", diz Edoardo Cesarini, CEO da WTW. “Agora, porém, esse modelo linear está a ser desafiado pelo crescimento muito elevado da taxa de inflação, que teve forte impacto nos salários e coloca-nos diante de um novo modelo com mais variáveis e incógnitas.

Salários em Itália em 2023: como serão os salários no ano novo

Se em 2022 as empresas tentaram melhorar o poder de compra dos seus trabalhadores intervindo com aumentos da remuneração fixa (60 por cento com medidas temporárias, 40 por cento com medidas mais estruturais), os aumentos salariais de mercado previstos em Itália para 2023 deverão crescer por uma média de 3,9 por cento.

Setores em que os salários mais crescem em Itália

Em que setores os salários estão a crescer mais? Nos dois extremos encontram-se o setor TMT (Tecnologia-Media-Telecomunicações) com o maior crescimento de 4,6% (+0,7% face à média) e o Retalho com o menor crescimento de 3,2% (-0,7% face à média ). Os setores em que os aumentos salariais menos crescerão em Itália, além do Retalho, serão os de Energia, com aumentos de +3,3%. Os setores em que os aumentos salariais crescerão acima da média, além do TMT, são os Seguros, que devem crescer 4,4% em 2023, e o petróleo e o gás, que crescerão 4,2%.

Inflação e salários em Itália 2022/2023

Este é o segundo ano consecutivo em que a taxa de inflação em Itália supera o aumento médio dos salários: uma situação tão incomum que não ocorre há trinta anos, ou seja, desde o início dos anos 1990. Desde 2010, o aumento médio dos salários em Itália sempre superou a inflação, ininterruptamente até 2021.

“O mercado de trabalho italiano em 2022 foi decididamente competitivo e as empresas nunca pararam de procurar os perfis mais especializados, como engenheiros, profissionais de TI para desenvolvimento de aplicações, segurança cibernética ou comércio eletrónico”, acrescenta Rodolfo Monni, chefe de pesquisas de remuneração da WTW. “A dinâmica salarial da componente fixa da remuneração tem levado a um aumento dos salários, líquidos de inflação, mas o fosso entre géneros ainda é forte no nosso país: em 87% das empresas, o salário fixo médio das mulheres ainda é inferior ao dos homens. Uma reversão de tendência nesta frente é desejável".